Enfermeira é indiciada após morte por transfusão de sangue incompatível
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou uma enfermeira do HUSM (Hospital Universitário de Santa Maria) por homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, majorado pela inobservância de regra técnica da profissão.
As investigações apontaram que a vítima recebeu, por engano, uma transfusão com um tipo sanguíneo incompatível, que estava destinado a outra paciente. O caso ocorreu no dia 7 de agosto, em Santa Maria (RS).
A vítima estava internada para tratamento de um câncer de mama. De acordo com o laudo de necropsia, a administração do sangue incompatível resultou em uma tromboembolia pulmonar maciça, que foi a causa direta e comprovada do óbito.
A Polícia Civil informou que a apuração demonstrou que o erro decorreu de negligência.
“A enfermeira indiciada deixou de seguir um protocolo de segurança obrigatório e fundamental do hospital, que exige uma dupla checagem de identificação ao lado do leito antes de qualquer transfusão”, disse o delegado Adriano Rossi.
Esse procedimento inclui a conferência rigorosa da pulseira de identificação da paciente e a confirmação verbal de seu nome, etapas que não foram realizadas no caso, segundo a polícia.
O inquérito conclui que, embora não houvesse intenção de matar, ficou compovado que a profissional agiu com culpa ao não observar os procedimentos de segurança indispensáveis e previstos para a sua função.
“Essa falha em adotar as cautelas exigidas resultou em uma consequência fatal que era previsível e evitável, configurando o crime de homicídio culposo”, conclui o delegado.
O Inquérito Policial foi remetido ao Poder Judiciário para as providências legais cabíveis.
A CNN entrou em contato com o Hospital Universitário de Santa Maria, mas não teve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.
Conforme o Polícia Civil, a filha da vítima relatou que a mãe estava internada no Hospital Universitário de Santa Maria para tratamento de um câncer de mama. Por causa de uma dor abdominal, ela teria sido mantida em uma maca no corredor por falta de leitos.
Depois, a filha da vítima relatou que, após a realização de exames, uma enfermeira teria iniciado uma transfusão de duas bolsas de sangue. A profissional teria dito que a transfusão seria para “ajudar nas defesas”.
Ainda, conforme o relato, após uma tentativa frustrada de acesso venoso na mão, o sangue começou a ser infundido pela jugular, com a enfermeira mencionando a necessidade de rapidez.
A vítima teria começado a passar mal cerca de dez minutos após o início da transfusão, apresentando dificuldade para respirar e alteração nos batimentos cardíacos. Ela foi levada à emergência e a filha foi informada de que a mãe teve uma reação ao sangue, mas estava estável.
Depois, um médico teria revelado que o sangue não era compatível e que havia líquido no pulmão da paciente.
O quadro de saúde se agravou e ela foi transferida para a UTI, onde faleceu um dia depois.
A depoente também confirmou a mãe possuía uma identificação com seu nome na roupa desde o momento da internação.