“Já levei tiro, facada e agora isso?”: mulher denuncia marido e teme que ele seja solto por falha da delegacia de Coari
Amazonas – Uma mulher vítima de violência doméstica em Coari, município do Amazonas, viveu neste domingo (27) uma nova angústia: mesmo após denunciar o marido e vê-lo ser preso em flagrante, ela não conseguiu protocolar o exame de corpo de delito na delegacia — o que pode comprometer a manutenção da prisão. O motivo? A delegacia estava fechada e, segundo a vítima, não havia nenhum escrivão de plantão para registrar o documento essencial.
“Não é a primeira vez que ele me bate. Eu quero justiça. Que delegacia é essa que não funciona dia de domingo? É feriado pra eles? É feriado pra eu morrer se ele saísse hoje?”, desabafou, em tom de revolta. Ela contou que foi à delegacia cerca de dez vezes com os documentos em mãos, mas ouviu que “não tem escrivão para fazer” o registro necessário.
De acordo com a legislação brasileira, em casos de prisão em flagrante por violência doméstica, o exame de corpo de delito é essencial para manter o agressor detido. A mulher realizou o exame, mas sem a devida formalização do laudo no sistema da polícia, a prisão pode ser relaxada, mesmo com o histórico de agressões.
A vítima, cujo nome é mantido sob sigilo por segurança, convive há 17 anos com o agressor e relata um histórico chocante de violência. “Já peguei tiro, já peguei facada, tô cansada. Tive os dedos cortados. Eu não aguento mais. Agora que eu tomei coragem acontece isso. Amanhã, quando ele for solto, ele vai fazer pior e ninguém vai poder fazer nada”, alertou.
Ela afirma que tentou ajudar o companheiro mesmo após episódios de violência, mas que, neste momento, a prisão é necessária para garantir a segurança dela e dos filhos. “Ele estando preso, eu ajudo ele. Porque é um bem que eu faço pra ele. Ele precisa ficar lá e refletir.
É a segurança dos meus filhos também, porque até pro filho ele puxou o terçado quando me agrediu.” A situação evidencia falhas graves na rede de proteção à mulher no interior do Amazonas. A ausência de plantão policial durante fins de semana compromete o funcionamento da Lei Maria da Penha e coloca vidas em risco — justamente quando muitas violências se intensificam, fora do horário comercial.
Até o momento, não há novas informações sobre o caso.