Omar Aziz

‘Omar Aziz hoje não tem adversário para ser governador em 2026’

A análise é do pesquisador Durango Duarte e do jornalista Ronaldo Tiradentes.

O cenário político do Amazonas para 2026 foi dissecado pelo pesquisador eleitoral Durango Duarte e pelo jornalista Ronaldo Tiradentes durante o programa “Manhã de Notícias” deste dia 18 de dezembro.

No diálogo, os analistas políticos destacaram como as principais peças políticas já se movimentam para a eleição de daqui a dois anos.

A disputa pelo Governo do Amazonas mereceu a avaliação de que, hoje, o senador Omar Aziz (PSD) é o nome favorito para vencer a eleição.

“Hoje, Omar dificilmente teria um adversário à altura”, afirmou Duarte.

Aziz já anunciou que vai disputar o governo 12 anos depois do seu mandato como titular. Antes, de 2003 a 2010, ele foi vice-governador do atual senador Eduardo Braga (MDB).

“Hoje, o controle do jogo político está nas mãos de quem consegue articular e captar recursos, e Omar Aziz lidera esse cenário com folga”, disse o pesquisador da Perspectiva.

Tiradentes e Duarte pontuam argumentos para justificar a afirmação que fazem.

Em primeiro lugar, disseram que Aziz está no auge de sua carreira política. Após momentos de baixa, o senador reconstruiu sua imagem, tanto no Amazonas quanto no plano nacional. 

“Ele está navegando em momento melhor da carreira política dele, melhor do que 2010, que ele reverteu a eleição e derrotou o Alfredo [Nascimento, do PL]”, avaliou o pesquisador.

O segundo ponto é que Aziz tem hoje o apoio quase unânime de prefeitos e vereadores das 62 cidades do Amazonas. Sem contar os ex-mandatários. Ele é tido pelos prefeitos como articulador-chave para captar recursos e apoio político, não tendo hoje praticamente nenhum município que não tenha recebido ajuda por meio do senador.

“Omar teve 68% dos votos para o Senado no interior e já conta com mais de 70% da intenção de votos no estado”, disse Duarte, um dos maiores especialistas em pesquisas e estatísticas eleitorais da região.

Todo esse capital político-eleitoral do senador decorre da sua habilidade de articulação e gerenciamento de entreveros na política, conforme os especialistas.

Por exemplo, no comando da CPI da covid do Senado, quando Aziz enfrentou abertamente, e venceu, Bolsonaro e sua tropa. 

Igualmente, sua atuação incisiva na defesa dos interesses do polo industrial da Zona Franca de Manaus, notadamente na reforma tributária.

Aziz também cresceu muito no cenário nacional ao puxar o enfrentamento às empresas de apostas na internet, as bets. 

Ao mesmo tempo, o senador coordena a bancada parlamentar do Amazonas no Congresso e é um dos líderes políticos de confiança do governo Lula. Na eleição de 2022, o petista teve o apoio fundamental de Aziz para derrotar Bolsonaro. 

Um aliado de peso

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), é tido por Tiradentes e Duarte como um apoio de peso para o sucesso do projeto de Aziz em 2026. 

Será uma forma de recompensar o apoio do senador para a reeleição de Almeida neste ano, derrotando o bolsonarismo que dominava a capital desde 2018.

No pleito deste ano, na conquista de apoiadores para a eleição que venceu só no segundo turno, Almeida anunciou publicamente que não será candidato em 2026.

“Se ele vai cumprir esse acordo ou se ele foi escrito na areia da praia, só o tempo dirá”, avaliou Tiradentes.

De qualquer forma, Duarte analisou que a administração de Manaus em 2025 vai ser determinante para os planos de 2026. 

“David vai depender muito de como estará sua gestão em 2025. Ele terá que recorrer a novos empréstimos para conseguir realizar grandes entregas, o que aumenta a pressão sobre ele”.

Wilson Lima senador?

O futuro político do governador Wilson Lima a partir do próximo ano também é um ingrediente importante para o cenário do Amazonas em 2026.

Apesar de especulações sobre a candidatura de Lima ao Senado, os analistas também consideraram outras hipóteses. Por exemplo, de que ele leve o mandato até o fim.

Dessa forma, não abriria brecha para o Avante do vice-governador Tadeu de Souza e do prefeito David Almeida ficar com o controle das duas máquinas públicas que, somadas, têm R$ 42 bilhões de orçamento para 2025.

“Se ele [Lima] renunciar para concorrer, assume Tadeu, que não tem alcance popular suficiente para consolidar um projeto político robusto”, avaliou Duarte.

Além disso, consideraram que Lima vai enfrentar o desafio de recuperar sua popularidade e administrar o estado com um orçamento apertado. 

“Ele precisa ter um 2025 excelente para sair competitivo”, disse Tiradentes. 

Quanto ao aspecto político-eleitoral, analisam que Lima pode ser vítima da infidelidade histórica dos prefeitos dos municípios. 

Na eleição de 2026, o Amazonas terá as vagas dos senadores Eduardo Braga e Plínio Valério (PSDB) em disputa.

Para defender sua reeleição, Braga já está em intensa movimentação, sobretudo com os apoiadores do interior do estado, que são, em boa parte, os mesmos de Aziz.

Recentemente, realizou reunião em Manaus com lideranças municipais e estaduais, surfando nos muitos elogios que ganhou pelo texto da regulamentação da reforma tributária no Senado, como relator que foi.

Alberto Neto e Bolsonaro

A perda de capital político de Jair Bolsonaro na Amazônia também foi destacada pelos analistas. Isso porque é pensamento do PL lançar o deputado Alberto Neto para a campanha a senador em 2026.

“Bolsonaro já sinalizou apoio a Alberto Neto para o Senado, mas isso deixa Wilson Lima fora da escolha”, disse Tiradentes para lembrar que o governador é aliado de Bolsonaro.

Contudo, a derrota de Alberto Neto na disputa pela Prefeitura de Manaus, a cidade mais bolsonarista da região Norte, arrefeceu muito o ânimo dos seguidores do ex-presidente.

Além disso, o fato de Bolsonaro estar fora das eleições de 2026, por duas condenações de inelegibilidade na Justiça eleitoral, aumenta esse desânimo de uma direita unificada daqui a dois anos.

De igual modo, é de se esperar qual vai ser a reação do PL e Bolsonaro com o voto rebelde de Alberto Neto na aprovação da reforma tributária. Os deputados do partido votaram em peso no “não”, mas alguns contrariam a orientação.

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