Mensagens revelam que Moraes escolhia alvos e ajustava relatórios contra bolsonaristas
Os registros mostram um padrão de intervenção direta de Moraes nas investigações e relatórios.
Mensagens entre o gabinete de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), e o órgão de combate à desinformação do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), durante sua presidência, mostram que o ministro escolhia alvos de investigação e pedia ajustes em relatórios.
As mensagens indicam que Moraes e seus assessores personalizavam relatórios para embasar ações específicas, como multas e bloqueios de contas e redes sociais.
O gabinete de Moraes defendeu que todos os procedimentos foram oficiais e documentados conforme as normas do STF. Entre os casos mencionados, estão o deputado Eduardo Bolsonaro e o jornalista Rodrigo Constantino, cujos alvos foram ajustados de acordo com as ordens do ministro.
A Folha de S. Paulo obteve mensagens que mostram a convesa entre Airton Vieira, juiz instrutor no gabinete de Moraes no STF; Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE; e Eduardo Tagliaferro, então responsável pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), que estava subordinada a Moraes na corte eleitoral.
O gabinete do ministro afirmou que os procedimentos seguidos foram regulares e estão devidamente registrados. “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República”, diz a nota.
Tagliaferro, por sua vez, declarou que “cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade”.
Em uma das mensagens, datada de 6 de dezembro de 2022, Airton Vieira instrui Tagliaferro a “levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes”, direcionando-o a ações contra a revista Oeste, conhecida por seu viés antipetista e alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A resposta de Tagliaferro, solicitando criatividade para ajustar o relatório, revela um possível direcionamento da investigação.
Outras mensagens mostram Moraes solicitando a vinculação de Eduardo Bolsonaro com desinformações de Fernando Cerimedo, além de instruções para modificar relatórios de forma a atender aos interesses do ministro, incluindo ajustes em documentos relacionados a figuras como o jornalista Rodrigo Constantino e a juíza Maria do Carmo Cardoso.
Esses registros sugerem um padrão de intervenção direta de Moraes nas investigações e relatórios, conforme a Folha de S. Paulo detalha.