Corpos surgem à deriva em balsa no ‘Cemitério do Atlântico’
Na semana passada (10), uma pequena balsa inflável foi dar na praia de uma das ilhas de passado mais tenebroso do Oceano Atlântico: Sable Island, um famigerado banco de areia de 44 quilômetros de extensão, a cerca de 300 quilômetros da costa da Nova Escócia, no Canadá, responsável por tantos naufrágios no passado que passou a ser chamada de “Cemitério do Atlântico Norte”.
Na balsa, os corpos de um casal de idosos, já em início de decomposição, mortos ainda não se sabe quando, nem por quê, muito menos comprovado oficialmente quem eram — embora tudo indique que sejam dos velejadores canadenses Brett Clibbery, de 70 anos, e sua esposa, Sarah Packwood, de 60, desaparecidos há quase um mês, quando faziam uma viagem entre Halifax, na costa leste do Canadá, para as Ilhas dos Açores, com seu veleiro, o Theros, que também nunca mais foi visto.
A última comunicação do casal com a família aconteceu no dia 18 de junho, quando eles se aproximavam da perigosa Sable Island, que, como de hábito na região, estava envolta em forte nevoeiro.
Na ocasião, os dois não relataram nenhum problema com o barco ou com a navegação, e se mostraram radiantes com a tão sonhada travessia, que vinham planejando executar há tempos – clique aqui para ver o último vídeo gravado por eles, logo após a partida.
Alguns anos atrás, logo após se casarem — em uma cerimônia que aconteceu no próprio veleiro do casal —, Brett e Sarah haviam tentado fazer a mesma viagem, velejando do Canadá até a Europa, mas retornaram, depois de enfrentarem mau tempo na mesma região de Sable Island.
Desta vez, porém, com exceção do habitual nevoeiro, o tempo estava relativamente bom na rota, o vento calmo e o mar tranquilo nos dias subsequentes ao desaparecimento do casal no mar, supostamente nas proximidades da famigerada ilha, como sugerem os dois corpos encontrados dentro daquela balsa salva-vidas na praia de Sable Island.
Os corpos ainda não foram oficialmente identificados pelo Serviço Médico Legal da Nova Escócia, mas tudo indica que sejam mesmo do casal desaparecido, que, pelo cronograma da travessia, deveria ter chegado aos Açores no início deste mês. Mas isso não acontece
Quando a família deu o alerta do desaparecimento do casal, dias depois do último contato, dois aviões da Guarda Costeira canadense sobrevoaram a rota que o barco deveria fazer entre o Canadá e os Açores, mas não encontrou nenhum sinal do veleiro — que certamente afundou, só não se sabe por quê?
Segundo os familiares, o casal tinha boa experiência em travessias marítimas e mantinha páginas nas redes sociais com as viagens que costumava fazer com
Que o veleiro de Brett e Sarah afundou por algum motivo, isso parece claro – do contrário, não haveria razão para os dois abandonarem o barco e passarem para a balsa salva-vidas inflável, na qual aqueles dois corpos foram encontrados, na semana passada.
E que, seja lá o que tenha acontecido, ocorreu próximo à ilha onde a balsa foi encontrada, também parece óbvio, porque ela não teria chegado lá, à deriva, em tão pouco tempo. Resta, porém, saber o que aconteceu, e por que o veleiro afundou?
O mais provável é que o barco do casal tenha sido mais uma vítima dos implacáveis bancos de areia que rodeiam Sable Island, responsáveis, no passado, por mais de 350 naufrágios, o que rendeu à ilha o macabro apelido de “Cemitério do Atlântico Norte”.