Prefeitura de Manaus

Boletim especial da Prefeitura de Manaus apresenta situação epidemiológica de sífilis na capital

Manaus teve redução significativa no total de casos de sífilis adquirida no ano passado, que foi 19,6% menor em relação a 2022. A Infecção Sexualmente Transmissível (IST) é a de maior incidência no município, com 5.320 casos em 2023, dos tipos adquirida, congênita e em gestantes. Estes e outros dados constam de boletim da Prefeitura de Manaus sobre a situação epidemiológica da sífilis na capital, publicado nesta semana, com o objetivo de apoiar ações de saúde para redução e controle da doença na capital.

Elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), o “Boletim Especial 2023 – Sífilis adquirida, sífilis em gestante e sífilis congênita no município de Manaus” traz dados e análises epidemiológicas relativos à doença abrangendo os últimos seis anos, de 2017 a 2023. Em sua segunda edição anual, a publicação foi ampliada, trazendo mais informações e análises, a partir de dados registrados pelas unidades de saúde da rede básica municipal.

A responsável técnica de ISTs e Transmissão Vertical no Núcleo de Controle de HIV/Aids, IST e Hepatites Virais da Semsa, Ylara Enmily Costa, também responsável pela elaboração do boletim, aponta que a publicação pode subsidiar os gestores de saúde com informações importantes para ações de prevenção e controle da sífilis, incluindo aspectos socioeconômicos e geográficos, como sexo, raça, localidade, escolaridade, entre outros.

“O trabalho da vigilância é identificar fatores determinantes da doença e quais as populações mais acometidas. Com isso, podemos trabalhar ações de forma mais intensa junto a essas áreas e populações, para reduzir os números de casos e quebrar a cadeia de infecção”, pontua.

Dentre os dados trazidos pelo novo boletim, Ylara destaca a redução no número de casos de sífilis adquirida, em pessoas com idade superior a 13 anos, exceto gestantes, que caiu a 3.254, no ano passado, após chegar a 4.049, em 2022, maior pico de notificações desde 2017. A sífilis em gestantes também teve redução, com 1.666 casos em 2023, 150 a menos que no ano anterior. As reduções, nota a técnica, ocorrem após aumento de casos observado em 2021, em razão da pandemia, e que teve continuidade em 2022.

“Com o retorno gradual da oferta plena dos serviços nas unidades de saúde entre 2021 e 2022, após a redução dos casos de Covid-19, notamos a queda na incidência da infecção. Para isso contribuiu também uma rede de saúde hoje mais robusta, com campanhas e ações de saúde para detectar e tratar a sífilis, quebrando o ciclo de transmissão”, avalia a servidora, que é enfermeira e especialista em vigilância em saúde.

A técnica da Semsa assinala, por outro lado, dentre os dados do novo boletim, o aumento de casos de sífilis congênita, em crianças menores de 1 ano, registrado em 2022 e 2023, após uma forte queda de 54,9% ocorrida no período de 2017 a 2021. A taxa de incidência desse tipo foi de 9,5 casos para cada mil nascidos vivos, no ano passado, 15,8% maior que a de 2021, que ficou em 8,2.

“Esse dado aponta para a importância de se orientar as gestantes para iniciar desde logo o acompanhamento pré-natal, de modo que possam ter o diagnóstico e tratamento da sífilis de forma adequada, e assim haja redução da transmissão vertical da doença, da mãe para o bebê”, ressalta.

Segundo a técnica, a benzilpenicilina benzatina é o único medicamento eficaz na prevenção da sífilis congênita, uma vez que é capaz de ultrapassar a barreira da placenta e tratar o feto dentro do útero.

O boletim especial de sífilis de 2023 está disponível para consulta no site semsa.manaus.am.gov.br, com acesso direto pelo link semsa.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2024/05/Boletim-Especial-Si%CC%81filis-Adquirida-Janeiro-2024-1.pdf.

Dados e análises

O trabalho de elaboração do boletim da sífilis em Manaus iniciou ainda em dezembro passado, com a coleta de notificações da doença na rede básica municipal, a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan NET), do Ministério da Saúde. A coleta dos dados, conforme Ylara, é feita ao longo do ano todo, sendo seguida de análises mais elaboradas.

“Trabalhamos nas análises mais aprofundadas por dois meses, em dezembro e janeiro. Os dados analisados e compilados foram depois repassados às equipes dos órgãos da vigilância, para contribuições, revisões e retificações, até chegar à aprovação da Gestão de Saúde”, relata a autora.

Além de Ylara, colaboraram na elaboração do boletim a diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e Saúde do Trabalhador da Semsa, Marinélia Ferreira; a gerente de Vigilância Epidemiológica, Viviana Claudia Almeida; e a chefe do Núcleo de Controle de HIV/Aids, IST e Hepatites Virais, Antônia Thainá da Silva.

Infecção

A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. A pessoa infectada pode apresentar uma ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), após 10 a 90 dias da infecção. Ela não dói, arde ou coça, e desaparece sozinha.

Se não houver tratamento, mais tarde, podem surgir manchas no corpo, inclusive nas palmas das mãos e pés, além de febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo. Os sinais também somem em poucas semanas, mesmo sem tratamento. Após uma fase latente, sem sintomas, que pode durar de um a 40 anos, o paciente desenvolve lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Sem tratamento, a doença pode levar à morte.

Quando ocorre na gestação, a doença pode levar ao parto prematuro ou abortamento espontâneo. Já a sífilis congênita em bebês pode causar surdez, cegueira, alterações ósseas, deficiência mental, entre outras complicações.

O tratamento da sífilis, disponível nas unidades da rede básica de saúde, é feito com o uso da penicilina benzatina. Em gestantes, o tratamento deve começar o mais rápido possível, iniciando pelo menos 30 dias antes do parto.

O uso de preservativo externo ou interno, é a única forma de prevenção da sífilis, por se tratar de agravo sexualmente transmissível.

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