‘Amazonês’ de Isabelle Nogueira chama atenção nas redes sociais
“Isabelle, no BBB, tem um sotaque mais próximo do paraense do que do amazonense, já que Parintins está quase na fronteira com o Pará, recebendo influência linguística daquela região”, diz professor
O vocabulário “amazonês” de Isabelle Nogueira, que é participante do Amazonas no “BBB 24”, tem chamado atenção do público nas redes sociais.
De acordo com o g1, no programa, a dançarina já chegou a soltar algumas vezes a palavra “cunhatã”, gíria característica da região para se referir à meninas.
Dessa maneira, o g1 procurou saber mais sobre o sotaque cheio de chiado e conta as curiosidades sobre o dialeto do Estado.
Nesse sentido, o forte sotaque também já foi alvo de comentários no reality.
Por exemplo, o colega de confinamento, o paraense Marcus Vinícius, se disse desconfiado sobre as gírias usadas pela amazonense.
“Amazonês”
Segundo a publicação, o doutor em linguística e professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sérgio Freire, explicou que, o “amazonês” foi formado a partir de três línguas. São elas: a Língua Geral Amazônica (Nheengatu), o português europeu e o português nordestino.
Assim, inclusive, Sérgio destaca que o chiado no S , bem característico na região, surgiu a partir da influência desse português europeu.
Desse modo, o doutor em linguística e autor do livro “Amazonas: termos e expressões usados no Amazonas” esclarece ainda que o dialeto apresenta variações significativas dentro do próprio Estado e até mesmo em diferentes zonas da capital, Manaus.
Em Manaus, por exemplo, o português oral amazonense, que chamamos de Amazonês, é mais comum nas zonas norte e leste, que são zonas com menor nível de escolarização e, portanto, com menor uso da variante padrão do português, a variante que se aprende na escola. A diferença se dá também em relação geográfica entre regiões do Estado, explicou.
Com isso, Sérgio Freire usa o exemplo do sotaque de Isabelle, que frequentemente viaja para o município de Parintins.
“Isabelle, no BBB, tem um sotaque mais próximo do paraense do que do amazonense, já que Parintins está quase na fronteira com o Pará, recebendo influência linguística daquela região”, disse o professor.
Gírias amazonenses
Ainda conforme a publicação, entre as gírias amazonenses mais conhecidas estão: “télezé?”, “maceta”, “chibata”, “brocado” e “leso”. Segundo Sérgio, são palavras de uso bem generalizado dentro do estado.
Além disso, outras expressões podem ser de difícil entendimento para turistas que visitam a região, como: “tchonga”, “arrudiar”, ïlharga”, “lengalenga”, “abacabeiro”.
Confira uma lista com algumas gírias do “amazonês”:
- De bubuia – Quando se está descansando, sem fazer nada, diz-se “estou só de bubuia”.
- Chibata no balde – Expressão usada para dizer que algo é muito bom.
- Cortar a Curica – Expressão com o mesmo significado de “Cortar o barato”.
- Kikão – Maneira de falar “cachorro-quente”, em Manaus. Expressão surgiu após o sucesso de um lanche que tinha um homem chamado de Kiko onde ele vendia cachorro-quentes com este nome.
- Leso – Alguém que faz alguma besteira é chamado de “leso”.
- Esculhambado – Expressão para indicar algo que está quebrado.
- Escangalhado – Expressão para indicar algo que está quebrado.
- Só o cuí – Expressão para indicar alguém que é muito magro.
- Pai D’égua – A expressão significa algo muito bom.
- Carapanã – Nome dado para mosquitos.
- Ticar bodó – O bodó é um peixe que não pode ser ‘ticado’ pela escama dura que tem. A expressão tem o mesmo significado de “Está maluco?!”
- Comer abiu – Abiu é uma fruta amazônica que cola os lábios de quem a come. Com este intuito, a expressão indica uma pessoa que é calada.
- Leseira baré – Quando o amazonense faz uma besteira, nada é mais comum do que classificar como “leseira baré”. A expressão pode indicar ainda lerdeza, dizer que a pessoa é “lesa” ou “abestalhada”.