Eleições 2024: David Almeida é primeira vítima da inteligência artificial
Nova modalidade de crime será a novidade do submundo das eleições do ano que vem. A Justiça Eleitoral já debate o assunto
Áudio que começou a circular ontem em grupos de WhatsApp pode ser considerado o primeiro ataque das eleições 2024 com o uso da inteligência artificial.
Nesse caso, a primeira vítima é o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
Isso ocorre em áudio em que ele aparece vociferando contra professores do município.
Na montagem, com o uso da aplicação de inteligência artificial, o prefeito chama os professores de “vagabundo”, que “querem um dinheirinho de mão beijada”.
Almeida disse ao BNC Amazonas que já adotou providências para identificar a origem dos disparos e que vai denunciar os criminosos à Justiça.
O que diz o TSE
“Quem se utilizar de inteligência artificial para manipular a vontade do eleitor para ganhar as eleições, se descoberto for, é cassação do registro, e, se for eleito, é cassação do mandato”.
Os debates sobre essa nova modalidade de crime eleitoral começaram a se intensificar nos últimos dias. Isso ocorre com a idenficação dos primeiros ataques virtuais.
ABUSO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Ao responder a senadores de oposição, no último dia 13, o ministro da Justiça e Segurança Pública e futuro ministro do STF, Flávio Dino, disse que sobre o controle de redes sociais na internet que, como qualquer atividade empresarial, as empresas provedoras de aplicações de redes sociais devem ser devidamente reguladas.
“Mesmo a relação de maior intimidade e privacidade que existe, a relação amorosa, é regulada juridicamente. O casamento é governado por regras, a relação amorosa que se estabelece é regulada pela Constituição e pelo Código Civil. A relação de pai e filho é regulada por leis. O senhor não pode fazer o que quiser em relação aos seus filhos. Ora, se todos os âmbitos da vida humana têm regulação, onde está escrito que só a internet não pode ter? De onde emergiu essa mitificação a não ser dos interesses eventualmente empresariais, que não interessam ao debate jurídico?”.
Dino ainda destacou que as redes sociais, atualmente, atuam como curadoras de conteúdo na internet, como quando passam a exibir ofertas comerciais a partir do que o usuário pesquisou, por exemplo.
“Ora, se você tem uma atividade empresarial qualquer destinada ao lucro, qual não é regulada? Se alguém estabelece um comércio num shopping, tem regulação; se alguém abre uma farmácia, tem regulação; uma indústria também tem. Então, é realmente um debate de vanguarda. E, veja, considero que é o debate jurídico mais importante do século XXI, porque nós estamos no limiar do perecimento das condições de se realizar eleições com o abuso da inteligência artificial. Todas as senhoras e os senhores sabem disso. E não vai haver regras?”.