Prefeito de Carauari decreta situação de emergência mas usa recurso público para fazer festas
Carauari (AM) – A Prefeitura de Carauari anunciou para este final de semana a realização de mais uma festa, desta vez a atração é a banda de forró Rabo de Vaca. E mais uma vez, não há nenhuma divulgação do valor gasto na contratação das atrações. Esta é a segunda festa de grande porte que o município realiza a pouco mais de um mês que decretou Situação de Emergência em decorrência da estiagem.
Conforme o decreto assinado pelo prefeito Bruno Litaiff Ramalho (MDB), 2.300 famílias estão atingidas pela estiagem, o que equivale (conforme o decreto) a 9.200 pessoas. O município possui 28.742 habitantes conforme o IBGE, o que significa que aproximadamente um terço da população está sofrendo neste momento.
O decreto é um instrumento necessário para o recebimento de recursos tanto federais quanto estaduais e acontece quando a prefeitura não tem condições de enfrentar a situação sozinha. E neste ponto, o decreto tem gerado diversos questionamentos.
“Como assim a prefeitura não tem recursos para ajudar as famílias que estão sofrendo com a estiagem, mas tem dinheiro pra fazer esse monte de festa?!”, pergunta uma moradora do Bairro 55 que não quis se identificar. “O dinheiro que deveria estar nos ajudando, tá enchendo o bolso de gente de fora. Nenhuma autoridade vê isso?”, completou.
A primeira festa aconteceu quatro dias após a publicação do decreto de Situação de Emergência com a presença da cantora Marília Tavares. O decreto tem a data de 23/10/23 e o show ocorreu no dia 27/10/23. Na ocasião a cantora perdeu um show em Novo Airão por descumprimento do horário de voo acertado com a empresa contratada pela Prefeitura e denunciou o caso em suas redes sociais. O show que ocorrerá neste fim de semana, é realizado pela mesma empresa que a Prefeitura em nota responsabilizou pelo atraso do voo de Marília.
“As prioridades estão invertidas”, afirma o cientista político Jack Serafim, quem tem denunciado vários descasos da atual gestão no município. “Qualquer prefeito responsável não investiria os poucos recursos que tem em festa, sendo que declara em decreto que o município está em situação de emergência. Tem que usar os recursos para ajudar as famílias afetadas. São mais de 9.200 pessoas sofrendo com a estiagem. Onde está publicado a lista do que foi feito por essas pessoas, se é que foi feito, já que o dinheiro está indo para festa”, ponderou.
Outro alerta que o cientista faz é sobre a importância do acompanhamento e fiscalização dos órgãos de controle como Ministério Público, Tribunal de Contas e a própria Câmara de Vereadores sobre os recursos, compras e contratações que a Prefeitura fará usando a justificativa da estiagem.
“Com o decreto, a Prefeitura poderá contratar empresas e serviços sem licitação. A porteira está aberta para gastos que precisam ser acompanhados. Não há nenhuma postagem nos meios de comunicação da Prefeitura mostrando as ações em favor dessas famílias atingidas. É preciso dar transparência. O povo precisa saber quem foi alcançado e com o quê”, explicou Jack Serafim.