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MP-AM abre inquérito e quer saída de ‘dama do tráfico’ de comitê

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) abriu um inquérito para apurar a nomeação de Luciane Farias (37 anos) em comitê estadual sobre combate a tortura.

Ela, mulher de traficante e chefe de facção criminosa, ficou conhecida no país como “dama do tráfico” depois que foi recebida em vários órgãos públicos.

Um dos objetivos da investigação é descobrir os critérios que levaram Luciane, que também é condenada em segunda instância da Justiça por associação ao tráfico de drogas e outros crimes, a ser admitida em um comitê público.

Ao final, o MP deve pedir sua exclusão do colegiado.

Ela é integrante de uma ong, o Instituto Liberdade Amazonas.

Seu marido há 11 anos é Clemilson Farias, o “Tio Patinhas”, hoje cumprindo pena em presídio do Amazonas.

A portaria do inquérito é assinada pelos promotores Iranilson Ribeiro e Edinaldo Aquino.

“Edital de convocação não deixa margem para dúvidas acerca da necessidade de participação apenas de pessoas que não respondam a ação penal e muito menos com condenação em segunda instância”, afirmou o MP.

E complementou:

Considerando que o vínculo matrimonial com uma das principais lideranças da facção criminosa Comando Vermelho no estado é outro ponto que coloca em xeque a idoneidade para integrar o comitê em tela, uma vez que sendo o comitê órgão de Estado previsto em legislação pátria e em tratado internacional do qual o Brasil é signatário, trata-se de clara afronta aos princípios da moralidade e probidade administrativa.

Nesta sexta-feira (17), Luciane concedeu entrevista ao programa Manhã de Notícias, do jornalista Ronaldo Tiradendes, e, entre outros assuntos, ela falou sobre sua nomeação ao comitê de combate a tortura, no Amazonas.

O estado lançou um edital, que me interessa, que é sobre a prevenção e combate a tortura; como eu trabalho na pauta do sistema prisional eu me candidatei juntamente com a advogada que trabalha comigo. E a gente passou por todo o edital. Eles exigiam algumas documentações e eu apresentei tudo, e aí nós passamos no edital. E começamos a participar desse grupo. Porém não houve a nomeação. A posse. Mas houve um convite do mecanismo [Ministério da Justiça] pra cá pro estado para o comitê, e fiz reivindicação. Na época eu fui indicada, não por conhecer a presidente interina, mas pelos critérios dela de enviar alguma entidade que entrou recente, que nunca teria participado do evento, justificou.

Além da visita que fez em março deste ano ao Ministério, Luciane disse que, em 2020 ela também esteve em Brasília, quando houve uma manifestação de familiares de presos em frente do Congresso. Ela levou o laudo da filha que apresentava problemas psicológicos por conta da prisão do pai.

“Inclusive foi o laudo da minha filha que foi para a mesa do presidente da época. Olha só, minha filha mais velha tem trauma de toda a situação. Ela tinha 11 anos quanto o pai foi preso e na prisão dele… entraram no apartamento e, supostamente achavam que ela era eu, ela foi acordada com uma arma no rosto”, conta.

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