Prefeitura de Manaus realiza socialização dos espaços de estudo da língua materna e conhecimentos tradicionais indígenas
Para atender os povos indígenas que moram nas áreas urbana e rural da capital amazonense, a Prefeitura de Manaus oferece educação escolar indígena em quatro escolas e em 22 Espaços de Estudo da Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas (EELMCTI). Nesta terça-feira, 20/12, foi realizada a socialização dessas práticas utilizadas durante o ano nos dois tipos de espaço. O evento aconteceu na Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério (DDPM), da Secretaria Municipal de Educação (Semed), na avenida Maceió, zona Centro-Sul.
O eixo das apresentações é a língua estudada no EELMCTI, com atenção voltada para as línguas nheengatu, cocama, tikuna, tukano, sateré-mawé e apurinã.
De acordo com a gerente de Educação Escolar Indígena (Geei), Giovana Ribeiro, esses encontros são uma grande vitória, porque partem da demanda dos povos indígenas, principalmente dos que se encontram na área urbana, porque dessa forma eles conseguem manter viva sua cultura.
“Hoje, nós trabalhamos com as escolas, com o currículo. Então, a importância da educação escolar indígena para esses povos é a revitalização da cultura. Aqui, eles pedem essa educação diferenciada e a Semed tem esse compromisso de auxiliar nisso, a partir da contratação de um professor indígena escolhido pela própria comunidade”, completa Giovana.
Uma das comunidades que estiveram representadas nessa socialização foi a Imeamãnatã Apurinã, localizada no conjunto Cidadão 12. Em Apurinã, a liderança da comunidade é chamada Awentety. A Awentety Xytara Apurinã considera que essa atenção recebida é muito importante, uma vez que, estando longe da aldeia, eles precisam de reforço para manter as tradições.
“A gente resgata a nossa cultura, nossa dança e nossas tradições. Como a gente não pode viver lá na aldeia, buscamos a aldeia para a cidade e, aqui, na cidade, a gente faz essas atividades. É muito importante, porque a gente vivendo na cidade, somos brancos, a gente vive como branco, na lei do branco, e a gente trazendo a nossa cultura, a nossa tradição para nossa comunidade é muito bom”, acrescenta Xytara.
O evento ganhou relevância dentro da Semed por vários aspectos, entre os quais a elaboração e o uso do material didático
Os materiais pedagógicos, criados pelos professores e aplicados em sala de aula, representam a forma de existência de cada povo.
Lançamento do livro
Um dos resultados desse trabalho foi o lançamento do livro “Histórias Apurinãs”, pela professora Jeane Menandes Braz, da etnia apurinã. O livro é reflexo do trabalho da professora, que não encontrava material de apoio para ministrar suas aulas, então pesquisou e criou o material. Posteriormente, foi contemplada em editais e pode lançar o livro que está sendo distribuído para os outros EELMCTI.
“Depois dessa pesquisa, eu montei um uma cartilha para trabalhar dentro de sala de aula, as histórias. O material ficou muito interessante, então surgiu a oportunidade e me inscrevi no edital ‘Amazonas Criativo’ e fui contemplada. São oito histórias tradicionais do povo contando sobre nossos rituais, nossas origens e nossos cantos”, finaliza Jeane.
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Texto – Alexandre Abreu/ Semed
Fotos – Cleomir Santos/ Semed
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjAjZpu