Polícia

Empresária acusada de encomendar morte do marido é condenada à prisão

Acusada de encomendar o assassinato do próprio marido, a empresária Ana Cláudia Flor foi condenada a 18 anos de prisão na última segunda-feira (17), em decisão de júri popular em Cuiabá-MT.

Ana Cláudia responde pelo homicídio qualificado de Toni Flor em 2020, mas seu advogado, Jorge Henrique Franco Godoy, explicou que vai recorrer da decisão por entender que a pena foi desproporcional.

“Com relação a sentença, primeiramente, não esperávamos que ela fosse condenada, mas a decisão dos jurados deve ser respeitada”, avaliou.

Em depoimento, Ana Cláudia afirmou que era constantemente vítima do ciúme de Toni e se sentia coagida após brigas do casal por esse motivo, chegando a ser perseguida pelo marido.

“Eu tive uma briga muito feia com o Toni e ele foi dormir em um hotel. Quando eu estava dormindo, ele entrou na janela, tirou uma foto de mim dormindo e me mandou. Ele já fez isso outras vezes”, lembrou.

A mulher admitiu ter entrado em contato com o assassino de Toni, Igor Espinosa, que pediu R$ 60 mil para o trabalho. Ana Cláudia, porém, garantiu que explicou não ter a quantia e que nunca autorizou a execução.

A esposa ainda garantiu que só efetuou o pagamento de duas parcelas de R$ 30 mil depois de ser ameaçada.

Entenda o caso

Toni tinha 37 anos quando foi morto na porta de uma academia em 11 de agosto de 2020. Ele levou cinco tiros na ocasião. Imagens de uma câmera de segurança registraram o momento em que o rapaz adentra o local após ser baleado.

Toni chegou a ser encaminhado a um hospital e submetido a cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. O atirador fugiu.

Após o crime, Ana Cláudia tornou-se voz ativa na luta por justiça, organizou carreata em homenagem ao marido e chegou a confeccionar camisetas com o rosto do rapaz para distribuir entre os amigos.

Depois de um ano de investigação, porém, a polícia apontou a mulher como mandante do crime. A motivação teria sido financeira, uma vez que a empresa de Toni começava a crescer e o marido vinha tendo renda mensal de R$ 50 mil.

Detalhes da investigação

Imediatamente após o crime, Ana Cláudia adotou a versão de que Toni havia sido morto por engano, uma vez que um agente da Polícia Rodoviária Federal treinava na mesma academia e, segundo ela, seria o alvo do ataque.

Já de início, porém, a polícia descartou a possibilidade. Isso porque o tal agente frequentava o local apenas à tarde, e Toni foi morto pela manhã. “A vítima saiu de casa às 6:30, o suspeito às 6:45 estava já na porta da academia. Era como se tivesse uma escuta dentro da casa da vítima”, disse o delegado Marcel Gomes de Oliveira, responsável pelo inquérito.

Duas semanas depois, a polícia recebeu a denúncia de que um rapaz chamado Igor Espinosa havia comentado que matou um lutador de jiu-jitsu na porta de uma academia. Oliveira explicou que, segundo a acusação, “esse crime teria sido encomendado pela viúva”.

Os agentes seguiram os passos de Igor e o prenderam no último dia 11 de agosto em Cuiabá, após ele morar três meses no Rio de Janeiro, onde teria gasto R$ 20 mil dos R$ 60 mil pagos por Ana Cláudia pela morte de Toni.

A mulher, aliás, estava na delegacia quando Igor foi preso. Depois disso, a polícia conseguiu uma gravação dela comentando com um novo namorado: “Vai sobrar para mim”.

“Durante o seu interrogatório, o Igor confessa na íntegra todos os passos do crime, como praticou o crime, quem foram seus intermediadores, inclusive quem foi a mandante. Então no interrogatório, o Igor afirma que quem teria encomendado a morte do Toni teria sido a própria esposa”, explicou Oliveira.

Revolta da família

O assassinato e o comportamento de Ana Cláudia após o crime geraram revolta na família. A mulher chegou a visitar a casa da sogra em algumas oportunidades, inclusive no aniversário dela.

“No dia do meu aniversário, ela veio de tardezinha e falou: ‘Pensou que eu esqueci da senhora?’. Cantou parabéns pra mim”, relatou Leonice da Silva Flor, mãe de Toni.

Ana Cláudia e Toni tinham três filhas que, segundo relatos dos familiares, eram muito apegadas ao pai. Hoje, as garotas estão vivendo com a avó materna.

“O fato dela planejar e depois ficar um ano ali do nosso lado, nos torturando, nos pressionando e convivendo com a nossa dor, chorando junto com a gente. Eu sinto nojo de tudo isso”, disse Viviane Aparecida da Silva Flor, irmã de Toni.

Fonte Yahoo Noticias

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