Polícia

Homem é achado morto após ser colocado em viatura da PM em Goiás

Um rapaz foi achado morto depois de ser filmado sendo colocado por quatro policiais militares em um carro da corporação em Goiânia, na última quinta-feira (11). Os PMs foram afastados e, segundo a Polícia Civil, suspeita-se que eles forjaram um confronto para matar o autônomo Henrique Alves Nogueira, 28.

Em nota, o subchefe da Assessoria de Comunicação Social da Polícia Militar de Goiás, tenente-coronel Dallbian Rodrigues, disse que a corporação determinou a abertura de uma investigação interna para apurar a conduta dos policiais. Nem o nome deles nem o do advogado deles foram informados.

A PM disse que “não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e que o caso será apurado com o devido rigor”.

Em áudio enviado à reportagem por meio do WhatsApp, a companheira de Nogueira pediu justiça e se disse desamparada. Ela, que pediu para não ser identificada, afirmou temer que algo aconteça com ela ou com o filho do casal.

No boletim de ocorrência, ao qual a reportagem teve acesso, os PMs disseram que Nogueira morreu em suposto confronto durante uma abordagem policial, por volta das 20 horas da última quinta (11), no setor Real Conquista, região sudoeste de Goiânia.

Os policiais disseram que Nogueira estava na garupa de uma motocicleta, desequilibrou-se do veículo e desceu no momento em que seu suposto comparsa deu meia-volta e tentou fugir.

Segundo eles, houve uma troca de tiros que resultou na morte do autônomo, com quem teria sido apreendida uma mochila com drogas e arma de fogo.

No entanto, um vídeo de câmera de segurança mostra que Nogueira foi abordado pelos policiais na manhã do mesmo dia, às 8h17, enquanto caminhava por uma avenida.

Segundo a Polícia Civil, a abordagem ocorreu no Setor Jardim Europa, que fica a 14 km do local onde o corpo do autônomo foi encontrado à noite.

Na abordagem durante o dia, o vídeo mostra que um veículo do Tático da PM para ao lado de Nogueira.

Os PMs descem com revólveres nas mãos, e o jovem logo se vira contra um muro para ser revistado. A abordagem dura poucos segundos, como registra o vídeo.

As imagens mostram que o jovem e três PMs conversam por cerca de cinco minutos.

É possível ver ainda que Nogueira tenta resistir a entrar no porta-malas do carro da PM.

No entanto, em seguida, ele é empurrado por dois militares que o seguram pelas costas e pelo braço, enquanto é observado por outro. Segundo a Polícia Civil, o quarto policial participou apenas do suposto confronto.

A primeira abordagem não foi registrada em nenhum boletim de ocorrência, segundo o delegado-adjunto André Veloso, da Delegacia de Investigação de Homicídios de Goiânia.

“Essa mesma equipe [de policiais] colocou ele vivo, na parte da manhã, no camburão, e à noite foi encontrado morto com alegação de suposto confronto policial”, afirmou.

Veloso disse que requisitou provas testemunhais e técnicas para prosseguir com a investigação e ressaltou que os PMs são conhecidos pelo “bom comportamento” dentro da corporação.

A Polícia Civil também quer ter acesso às informações do GPS do veículo da PM para saber o percurso do veículo durante todo o dia após a primeira abordagem.

Laudo preliminar do Instituto Médico-Legal atesta que Nogueira foi “vítima de ferimentos por arma de fogo no tórax e abdômen”.

Segundo a Polícia Civil, Nogueira tinha passagens por tráfico de drogas e roubo, registradas em 2017, e uma por receptação, em 2019.

O advogado da família, Alan Araújo Dias, disse que as passagens por tráfico e roubo resultaram em processos penais e que as sentenças foram cumpridas.

O único processo que estava tramitando no Tribunal de Justiça de Goiás é o de receptação. Ele chegou ao Judiciário como um termo circunstanciado de ocorrência. Houve audiência em 2020, que sentenciou o jovem a prestar 40 horas de serviços comunitários.

fonte: Notícias ao minuto

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