Conheça os advogados do CV no Amazonas presos
PF prende quatro advogados ligados ao Comando Vermelho no Amazonas por facilitar ordens criminosas entre detentos e lideranças da facção.
A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira (6), quatro advogados suspeitos de atuar como elo entre presos e chefes do Comando Vermelho (CV) no Amazonas. A ação, batizada de Operação Roque, teve mandados cumpridos em Manaus e desarticulou parte do núcleo jurídico da facção.
Foram presos Janai de Souza Almeida, Alison Joffer Tavares Canto de Amorim, Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo e Gerdeson Zuriel de Oliveira Menezes. No escritório de Ramyde, na Cidade Nova, os agentes apreenderam documentos, mídias digitais, eletrônicos e dinheiro em espécie.
Segundo a investigação, o grupo repassava ordens de dentro dos presídios para integrantes da facção em outros estados, garantindo a continuidade das ações criminosas. Segundo informações, Janai é casada com Denilson de Andrade Júnior, o “Pelado”, apontado como líder do CV na Colônia Antônio Aleixo, zona leste de Manaus.
A operação ocorre em meio à guerra sangrenta entre Comando Vermelho e PCC (Primeiro Comando da Capital) pelo domínio das rotas fluviais de drogas na Amazônia. Desde a ruptura da aliança entre as facções em 2016, o CV tornou-se hegemônico no Amazonas após derrotar a Família do Norte (FDN) e consolidar o chamado CV-AM.
O confronto pela rota do Solimões e pela tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia transformou a região em um dos principais corredores do tráfico internacional. O CV controla ao menos 19 localidades amazônicas e mantém alianças com dissidentes das Farc e grupos colombianos, além de expandir o narcogarimpo, usando a mesma logística do tráfico para o ouro ilegal.
A ligação do CV-AM com o comando do Rio de Janeiro ficou evidente na megaoperação Contenção, em outubro, que resultou na morte de nove amazonenses. Entre as armas apreendidas, havia fuzis com inscrições “CV AM” e “Tropa de Manaus”.
Autoridades alertam que essa ofensiva no Rio deve ter ainda mais reflexos na Amazônia, já que líderes locais mantinham contato direto com a cúpula carioca da organização.

