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Mineira de 35 anos é presa no Camboja após aceitar falsa vaga de emprego

Daniela Costa, arquiteta de Belo Horizonte, mineira de 35 anos, está presa há cerca de seis meses no Camboja após aceitar uma proposta de trabalho que, segundo seus familiares, não passava de uma armadilha.

Em janeiro, Daniela recebeu uma oferta via redes sociais para trabalhar com telemarketing em Phnom Penh, capital do Camboja. A proposta incluía passagens, moradia, alimentação e remuneração estimada entre US$ 1.000 e US$ 2.000. A mineira, com domínio do inglês e experiência internacional, já viveu nos Estados Unidos e na Armênia, decidiu aceitar diante da escassez de boas oportunidades na própria área de Arquitetura no Brasil.

Ao chegar, porém, as condições começaram a divergir radicalmente do prometido. Daniela passou fevereiro confinado em um alojamento com estrutura precária, sem poder trabalhar ou sequer acessar documentos, ou seus pertences. Seus familiares dizem que o local era vazio, isolado, sem energia ou saneamento adequado, com beliches apinhados.

Recusa, acusações e prisão

A situação se agravou quando Daniela se recusou a participar de golpes ou fraudes, prática que a empresa aparentava exigir. Segundo sua família, como retaliação, foram colocadas drogas no banheiro que ela usava. Três cápsulas de substâncias teriam sido encontradas, e Daniela foi acusada de tráfico de drogas. Ela pediu realizar exame toxicológico para provar que não fazia uso, mas o pedido foi negado.

Desde março, ela permanece detida em uma prisão na cidade de Sisophon, onde divide cela com cerca de 90 outras detentas. As condições são descritas como degradantes: higiene precária, alimentação insuficiente, remédios a serem pagos dentro da cadeia, demora para atendimento médico, inclusive para um quadro infeccioso.

A família também foi alvo de extorsão: criminosos teriam usado o celular de Daniela para se passar por ela, pedindo R$ 27 mil sob o pretexto de multa contratual ou taxa para permitir seu retorno ao Brasil, valor esse transferido. Depois disso, o contato foi interrompido.

Os parentes afirmam que Daniela foi vítima de tráfico humano. Eles já acionaram o Itamaraty para assistência consular e pedem ajuda das autoridades brasileiras para trazê-la de volta.

O Ministério das Relações Exteriores confirmou que tem ciência do caso, que presta assistência consular e que há alertas consulares ativos orientando brasileiro sobre o risco de propostas fraudulentas de emprego no exterior, especialmente no Sudeste Asiático.

Este caso se insere num contexto maior de situações similares que têm sido identificadas, nas quais brasileiros são aliciados por meio de ofertas de trabalho irreais, muitas vezes com promessas de salários elevados e estrutura de alojamento, e acabam explorados para golpes online, em condições de coação ou vulnerabilidade.

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