Mundo

Maduro reage aos EUA e mobiliza milhões de milicianos

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou em pronunciamento transmitido pela televisão nacional que seu governo colocará em prática nesta semana um plano especial de mobilização de milicianos em todo o território. A iniciativa prevê o envolvimento de mais de 4,5 milhões de integrantes das chamadas milícias bolivarianas, preparados, treinados e armados para, segundo o mandatário, reforçar a defesa da soberania do país.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comunicou em rede nacional que colocará em operação um plano especial para ampliar a presença das milícias bolivarianas em todo o país. Segundo o líder venezuelano, mais de 4,5 milhões de integrantes dessas forças populares serão acionados, treinados e equipados para reforçar a defesa do território diante das recentes ameaças externas.

A medida surge em meio a uma escalada de tensões com os Estados Unidos. No início de agosto, o governo norte-americano decidiu dobrar a recompensa oferecida por informações que possam levar à prisão de Maduro, elevando o valor de 25 milhões para 50 milhões de dólares. Além disso, autoridades de Washington intensificaram acusações de que o regime venezuelano mantém conexões com o crime organizado, citando a suposta relação do Cartel de Los Soles com integrantes do alto escalão militar.

No pronunciamento, Maduro afirmou que o objetivo é garantir que todo o território nacional esteja sob vigilância das milícias, com atuação tanto em áreas urbanas quanto em regiões rurais. O presidente orientou que suas bases políticas ampliem a criação de milícias camponesas e operárias, de modo que fábricas e comunidades agrícolas também passem a dispor de estruturas armadas para defesa.

Com esse modelo, o chavismo busca expandir o papel das forças populares para além do trabalho das Forças Armadas tradicionais, descentralizando a responsabilidade de proteção nacional. A iniciativa procura fortalecer o discurso de resistência, no qual civis organizados assumem papel ativo ao lado de militares para enfrentar possíveis agressões externas.

A decisão de Washington de aumentar a recompensa por Maduro foi criticada duramente por Caracas. O chanceler venezuelano, Yván Gil, classificou a medida como absurda e sem legitimidade, argumentando que se trata de mais uma tentativa de enfraquecer o governo e criar instabilidade política. Para a gestão chavista, as ações americanas não passam de manobras para justificar pressões econômicas e diplomáticas.

O contexto em que ocorre esse anúncio é de forte fragilidade interna. A Venezuela enfrenta prolongada crise econômica, marcada por inflação elevada, dificuldades de abastecimento e queda nos serviços públicos. As sanções impostas por países ocidentais agravaram ainda mais o cenário, restringindo o acesso a recursos financeiros e limitando as exportações de petróleo, principal fonte de renda do país.

Analistas observam que a mobilização massiva das milícias representa uma forma de Maduro assegurar apoio direto de setores sociais organizados, como trabalhadores e agricultores, reforçando a ligação entre sua permanência no poder e a ideologia chavista. Entretanto, críticos destacam que a crescente militarização da sociedade pode ampliar tensões internas e aumentar riscos de confrontos armados.

O anúncio também desperta preocupação nos países vizinhos, que acompanham de perto os desdobramentos da crise venezuelana. A possibilidade de fortalecimento de milícias armadas em larga escala gera apreensão sobre o equilíbrio regional e os impactos na segurança fronteiriça.

Com a ativação do plano prevista para esta semana, a Venezuela entra em uma nova fase de mobilização, marcada pela tentativa de Maduro de responder às pressões externas com demonstrações de força interna e lealdade de suas bases populares.

Publicidade