PCC e Comando Vermelho negociam trégua e planejam pressão contra o governo
Após anos de uma guerra brutal que deixou centenas de mortos dentro e fora dos presídios, as duas maiores facções criminosas do Brasil – Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) – estão negociando uma aliança inédita. O objetivo da trégua vai além de cessar os confrontos: trata-se de uma estratégia para pressionar o governo a afrouxar as regras do Sistema Penitenciário Federal (SPF), onde seus principais líderes estão detidos sob um regime rígido.
A movimentação vem sendo monitorada de perto pelas autoridades. Informações exclusivas apontam que advogados ligados às facções assumiram um papel fundamental nas negociações, atuando como ponte entre os criminosos encarcerados e suas redes externas. Conversas codificadas já foram interceptadas, e suspeitas de uma força-tarefa jurídica formada por representantes das duas organizações reforçam os indícios de um esforço conjunto para fragilizar as medidas de segurança impostas pelo sistema penitenciário federal.
Facções buscam recuperar influência e comunicação
A reaproximação entre PCC e CV não aconteceu por acaso. Atualmente, suas principais lideranças estão isoladas em presídios federais de segurança máxima, onde não têm acesso a visitas íntimas e o contato com advogados e familiares é limitado a parlatórios, sem interação física. Essas restrições dificultam a comunicação direta com seus subordinados e impactam o comando das operações criminosas.
Diante desse cenário, advogados passaram a desempenhar um papel estratégico, transmitindo ordens e buscando brechas legais para amenizar as restrições impostas pelo SPF. Relatórios de inteligência também identificaram movimentações semelhantes em presídios estaduais, como no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde membros das facções detidos têm reforçado a articulação para consolidar essa nova aliança.
Fim da guerra? O impacto da trégua no crime organizado
Desde 2016, PCC e Comando Vermelho protagonizam uma disputa sangrenta pelo controle do tráfico de drogas e pela hegemonia nos presídios estaduais. A rivalidade se espalhou por ao menos nove estados, resultando em massacres, atentados e intensos confrontos.
Caso a trégua seja mantida, o tráfico pode passar por uma reorganização estratégica, com as facções dividindo áreas de influência em vez de disputá-las violentamente. Isso abriria caminho para novos acordos no mercado ilegal de drogas, armas e lavagem de dinheiro, tornando o crime ainda mais estruturado e lucrativo.
O último grande rompimento entre as facções ocorreu em 2016, quando o PCC declarou guerra ao CV após anos de aliança. A disputa resultou em massacres em presídios e execuções em várias regiões do país. O episódio mais marcante dessa guerra foi registrado em Manaus, no primeiro dia de 2017, quando 56 detentos – sendo 26 membros do PCC – foram brutalmente assassinados por aliados do CV.
Agora, com a negociação de um novo pacto, as autoridades temem que uma facção criminosa ainda mais organizada e estratégica possa emergir, elevando o nível de desafio para as forças de segurança. O monitoramento dos desdobramentos dessa articulação será crucial para evitar que o crime organizado ganhe ainda mais força no país.
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