Mulher morre em acidente de carro e marido é suspeito de premeditar a batida
Maria Cláudia Santos Freitas, de 44 anos, morreu em um suposto acidente de carro no dia 30 de agosto desse ano, em Uberlândia (Minas Gerais). A vítima estava no banco do passageiro de um veículo dirigido pelo marido, Aldo Fabiano Angelotti. O homem é suspeito de premeditar a morte da mulher, plano que incluiu a desativação do airbag e escolha da árvore para bater, conforme investigação da Polícia Civil.
Aldo Fabiano foi preso nessa quinta-feira (5) e, de acordo com a polícia, o acidente foi forjado para ele receber a apólice do seguro de vida de Maria Cláudia, com valor aproximado de R$ 1 milhão. A investigação também aponta que a premeditação do crime ocorreu desde o início do ano, após o casal reatar o relacionamento. O carro alugado sofreu alteração antes do acidente.
“Ao chegar ao local, o que chamou atenção foi que só o airbag do condutor havia sido deflagrado. Analisando o veículo, vimos que há um dispositivo que ativa e desativa o funcionamento do airbag. A dúvida recaía sobre o fato do condutor saber ou não desta informação, de que o airbag estava desativado”, disse João Paulo Teixeira, perito do caso. A morte de Maria Cláudia foi confirmada ainda no local, mesmo com a atuação de duas equipes do Sistema Integrado de Atendimento a Trauma e Emergência (Siate).
Na época do acidente, Aldo Fabiano falou que a luz do sol foi um impedimento para que ele enxergasse a via, o que o levou a perder o controle do carro e provocar o acidente. Conforme perícia, o carro estava acima da velocidade permitida: o velocímetro travou em 60 km/h, sendo que a máxima da via era de 40 km/h. Além disso, houve a confirmação de que o airbag do passageiro, onde Maria Cláudia estava, foi desativado manualmente.
“Fomos até uma concessionária ver um veículo equivalente. Uma vez desativado o dispositivo, fica claramente, aos olhos do condutor, o aviso de que estava desativado. A hipótese de que ele não sabia se extinguiu neste momento”, declarou o perito João Paulo Teixeira. Aldo Fabiano, mesmo após a prisão, negou o crime e afirmou que foi um acidente. A investigação, entretanto, aponta o oposto: não havia marcas de frenagem no asfalto, o sol não estava no ponto mais alto e a árvore na qual o carro bateu era a única que poderia causar ferimentos graves.
A polícia constatou que a relação de Maria Cláudia e Aldo Fabiano era conturbada. A vítima, em 2023, registrou um Boletim de Ocorrência contra o companheiro após ser ameaçada de morte. Os problemas no relacionamento levaram à separação, mas o casal reatou no começo de 2024.
A investigação indica que Aldo Fabiano voltou com Maria Cláudia com a intenção de matá-la. As apólices de seguro de vida da mulher foram feitas pouco tempo antes do acidente, sendo a mais recente assinada 20 dias antes. Aldo Fabiano era um dos beneficiários de Maria Cláudia.
Eduardo Leal, um dos delegados responsáveis pelo caso, garantiu que a polícia não tem dúvidas do crime. “Há certeza de que foi um feminicídio. O indivíduo ceifou a vida da vítima para obter vantagem financeira”, disse. Outro delegado, Carlos Fernandes, explicou o ocorrido: “Fazendo uma visita no local do acidente, tanto os investigadores quanto os peritos observaram que a via era plana, retilínea e estava em boas condições asfálticas. Existia uma árvore com porte mais robusto no meio da via, ele escolheu ela, em específico, e mudou repentinamente a direção para colidir com a árvore.”