Medo da prisão faz Bolsonaro implorar clemência a Lula e Moraes
Ex-presidente pediu anistia a Lula e Alexandre de Moraes, admitiu ter discutido medidas autoritárias e enfrenta risco de prisão preventiva por tentativa de golpe de Estado.
O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou ao centro das atenções ao pedir, em entrevista, por anistia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Durante participação no canal da Revista Oeste, Bolsonaro afirmou que um gesto de perdão seria a única forma de pacificar o país. Negando ter tentado um golpe de Estado, admitiu, porém, ter discutido com comandantes militares, após a eleição de 2022, sobre decretar estado de defesa ou de sítio.
Essas medidas, previstas constitucionalmente para crises extremas, podem ser deturpadas e usadas como ferramentas de golpe. A confissão de Bolsonaro reforça o debate sobre suas intenções durante o período de transição de governo.
Risco de prisão preventiva e menção a refúgio
A situação de Bolsonaro se complica com a possibilidade de prisão preventiva. Ele admitiu a chance de buscar refúgio em uma embaixada caso a prisão seja decretada. Segundo especialistas como Pedro Serrano e Kakay, essa declaração pode justificar a medida cautelar, já que fuga é uma das razões para detenção preventiva.
Kakay acredita que o ex-presidente estaria provocando sua própria prisão para gerar comoção e reforçar sua narrativa de perseguição política. Essa estratégia, segundo analistas, pode fortalecer seu capital político e consolidar sua base eleitoral, mesmo estando inelegível.
Relatório da PF aponta liderança em trama golpista
O indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal é central para as acusações. Segundo o relatório, o ex-presidente liderou diretamente a organização criminosa que planejou abolir o Estado Democrático de Direito. A PF identificou que, desde 2019, Bolsonaro disseminou falsas narrativas sobre fraudes eleitorais para justificar possíveis ações autoritárias após sua derrota nas urnas.
A investigação concluiu que a tentativa de golpe não se concretizou devido a circunstâncias alheias à vontade dos conspiradores, evidenciando a gravidade do esquema. O relatório reforça o papel de Bolsonaro como principal articulador do movimento antidemocrático.