Ministério Público denuncia capitão e mais 5 por tiro de borracha, spray de gengibre e cotoveladas em preso, na Bahia
O Ministério Público da Bahia denunciou o ex-diretor do Conjunto Penal de Brumado, capitão da Polícia Militar Cláudio José Delmondes Danda e mais cinco investigados por suposta tortura de um detento ferido com disparo de bala de borracha na perna e spray de gengibre nos olhos. Algemado, ele ainda foi golpeado com chutes, cotoveladas e pontapés. O caso ocorreu em outubro de 2023. O Estadão busca contato com a defesa dos acusados.
Danda e a então diretora-adjunta Carol Souza Amorim são acusados por terem se omitido na apuração do caso.
A Promotoria diz que Danda e Carol não adotaram “nenhuma providência administrativa ou criminal para apuração dos fatos e de eventual infração administrativo-disciplinar”.Os policiais penais Jamerson Evangelista dos Santos, Jaime Ferreira Santos Júnior e Paulo Sérgio Brito da Silva são acusados de terem participado diretamente do crime.
Segundo o Ministério Público, os três submeteram o detento a “intenso sofrimento físico, como forma de lhe aplicar castigo pessoal”.
O supervisor operacional do Conjunto Penal de Brumado Alex Santos Ângelo foi denunciado por ter presenciado o caso e registrado, no livro de ocorrências do presídio, apenas que foi realizada a transferência do interno, “sem qualquer observação sobre a tortura”.
As agressões foram filmadas. Segundo o MP, o interno estava no setor de triagem do presídio para que os agentes “averiguassem” uma sandália fora do padrão, que teria sido entregue por uma visita. A situação fez com que o detento passasse a chutar caixas plásticas no local.
Em seguida, o preso notou a aproximação dos agentes e se sentou com as costas na parede, “em posição de rendição”, e mesmo assim foi atingido pela bala de borracha e o spray de gengibre no rosto.
Ele foi chutado duas vezes e algemado. Depois, recebeu três cotoveladas no abdômen.