Denúncia Revela Irregularidades no Distrito Indígena do Médio Purus
O clima no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Lábrea está tenso desde a posse do novo coordenador, Cícero Apurinã. Diversas irregularidades têm ocorrido sob sua gestão, com o último incidente grave registrado durante a reunião do Condisi, realizada entre 24 e 29 de junho deste ano, no município de Canutama. Nessa reunião, o conselheiro distrital do polo base Tawamirim foi destratado por Cícero após solicitar esclarecimentos sobre divergências de dados fornecidos pela enfermeira Camila Kerly, suposta amante do coordenador. Incapaz de responder aos questionamentos, a enfermeira foi defendida agressivamente por Cícero, gerando revolta e discussão entre as autoridades presentes.
Durante a viagem de retorno da reunião do Condisi para Lábrea, conselheiros e lideranças presentes na embarcação ouviram os suspiros e gemidos da enfermeira, que dividia o camarote com o coordenador, demonstrando desrespeito aos parentes indígenas e gestores ali presentes.
Os conselheiros são impedidos de questionar e ameaçados quando o fazem, pois o coordenador não aceita críticas em sua gestão. Sua equipe, composta por profissionais despreparados, trata mal os conselheiros de base e os culpa pelos erros nos dados apresentados. Muitos profissionais estão adoecidos, trabalhando em condições deploráveis, com falta de medicamentos, combustível e equipamentos adequados. Além disso, são impedidos de realizar remoções, resultando em mortes desde que Cícero assumiu a coordenação.
Os profissionais são coagidos e os conselheiros obedecem apenas ao coordenador, que afirma ter apoio do secretário e da ministra, podendo demitir quem quiser. A equipe reforça as perseguições e ameaças, obrigando os profissionais a negociar folgas. Foi solicitado que se registrasse em ata que o coordenador deixasse de perseguir os profissionais do distrito, pois muitos estão com medo, incluindo médicos.
Outro fato que chegou ao nosso conhecimento é que toda semana, Daiane Matias, prima do assessor indígena Zé Bajara, retira dinheiro vivo no fornecedor de combustível local e repassa ao coordenador. A cúmplice na armação das notas é a profissional terceirizada Heloísa Barbosa, do setor de transporte. Todos conhecem o esquema de corrupção, que vai dos medicamentos aos voos que transportam eleitores do prefeito para Manaus. Só o assessor indígena tem mais de oito familiares empregados, e o coordenador cerca de seis, colocando parentes de sangue em cargos.
O coordenador Cícero demitiu um marinheiro fluvial de convés do polo São Pedro para contratar seu próprio irmão e nomeou outro irmão como AISAN da aldeia São Pedro, sem que houvesse sistema de abastecimento de água implantado na época. Intimidou a equipe do Sesani a considerar um imóvel ofertado pelo prefeito Gean Campos de Barros como sede do Dsei Médio Rio Purus, ameaçando demitir os engenheiros que se recusassem a assinar o documento, embora o prédio estivesse em péssimas condições, cheio de mofo e irregularidades.
Houve também solicitação de combustível para o polo base São Pedro em quantidade superior à necessidade real. O que fizeram com o restante? Na reunião do Condisi, apresentaram uma matemática que mascarava os desvios. Além disso, Cícero faz uso indevido de veículos para carona de terceiros nas viagens para Porto Velho, como Angélica Dávila, suposta garota de programa com quem mantinha um caso.
Na manhã de 03 de julho, a esposa de Cícero, Tacilmar Camardella, enfermeira da CASAI Lábrea, flagrou seu esposo em atos obscenos com a enfermeira Camila Kerly no gabinete do Dsei. Houve uma briga que começou no gabinete e terminou na via pública, resultando em agressões físicas à esposa, que registrou ocorrência na polícia civil do município. A esposa expôs a traição publicamente nas redes sociais.
Denúncias de assédio sexual e moral contra o coordenador já foram protocoladas no Ministério Público Federal sob os números PR-RO-00001458/2024 e 1.13.000.000295/2024-96.
Segundo informações, o coordenador se mantém no cargo a pedido do prefeito de Lábrea, Gean Barros, que tenta a todo custo alugar um imóvel para funcionar como sede administrativa do DSEI Médio Purus no município de Lábrea. Mesmo com provas de assédio sexual, inclusive flagranteado pela esposa do coordenador e registrado em ocorrência policial, ele permanece no cargo.