Pará: extrativista morre envenenado ao comer peixe baiacu
Um homem morreu na cidade de Viseu, no Pará, ao se alimentar do fígado do peixe Baiacu. O extrativista de caranguejo faleceu na quando ainda estava na área do mangue, onde costumava colher caranguejos. No mês passado, três pessoas da mesma família, também faleceram na cidade de Salinópolis, depois de comer o peixe. As vítimas identificadas como Luis Carlos Fonseca, Elinete Fonseca e Antônio Denilde, moravam na Vila Alto Pindorama, zona rural de Salinópolis.
O peixe é considerado o segundo vertebrado mais venenoso do planeta. Perde apenas para uma espécie de rã, a Phyllobates terribilis, um anfíbio minúsculo, encontrado em algumas regiões da Colômbia.
A grande maioria de baiacus é marinha, mas existe uma quantidade considerável de espécies que vivem em água doce. Para o consumo humano, são considerados perigosos devido ao veneno presente em suas vísceras, a tetrodotoxina.
Apesar do perigo, os baiacus são muito apreciados por sua carne. No Japão, um prato preparado com o peixe, lá chamado de fugu, pode custar entre R$ 400 e R$ 750.
O Brasil também figura entre os países consumidores. E os “acidentes” são comuns, principalmente entre pescadores e apreciadores de sashimi (peixe cru).
Existem dois tipos de baiacu mais comuns no Brasil: o arara e o pintado. O arara é menos tóxico e pode ser encontrado em mercados de peixes. Já o pintado tem doses altíssimas de tetrodotoxina, sendo responsável pelos envenenamentos no país.
COMO AGE A TOXINA?
A tetrodotoxina é um dos venenos mais poderosos encontrados na natureza. Para se ter uma ideia, bastam dois grama para levar a morte, segundo pesquisas já divulgadas no meio científico.
O bloqueio é progressivo e, quando atinge os músculos da respiração, pode causar a morte por asfixia. O paciente permanece lúcido, mas não pode se mover. Isso é chamado popularmente de “síndrome do cárcere”.
Inicialmente a vítima tem mal-estar, formigamento em volta da boca e em outras partes do corpo. Em fases posteriores, queda da pressão arterial, arritmias cardíacas e ocorre uma paralisia progressiva, que pode ser total.
Não há antidoto para a tetrodotoxina. O único tratamento é o equilíbrio dos sintomas, com controle da queda da pressão arterial, das falhas cardíacas e da paralisia (com respiração artificial). Se não houver uma UTI por perto, dificilmente o paciente se recupera.
A tetrodotoxina não se altera com a temperatura, portanto, o veneno permanece intacto mesmo se a carne for congelada ou preparada em altas temperaturas.
O cuidado com o preparo da carne é muito importante. A forma correta é retirar o fel (a vesícula), para que não estoure, pois se estourar, vai contaminar toda a carne do baiacu. Apesar de ser possível o consumo, alguns especialistas recomendam evitar, justamente pela dificuldade de garantir que a limpeza foi feita adequadamente.