Brasil

Professoras sobreviventes do ataque a escola em SP relatam emoção e dificuldade no retorno

As professoras Ana Célia da Rosa e Rita de Cássia Reis, que sobreviveram ao ataque a escola estadual Thomazia Montoro, relataram a emoção e dificuldade de retornar às atividades na manhã desta segunda-feira (10).

Ainda em processo de recuperação dos ferimentos sofridos, elas estiveram na unidade escolar nesta manhã. Um grupo de 90 alunos foi recebido juntamente com os respectivos responsáveis.

“Emocionante, meu coração tá disparado. Se eu não falar que não está, eu estou mentindo. A nossa turminha é uma turminha bem equilibrada, gente, é uns alunos que dá gosto de trabalhar”, disse Ana Célia.

Professoras que sobreviveram ao ataque relatam a emoção e desafio de retornar à escola  — Foto: Arthur Stabile/g1

Professoras que sobreviveram ao ataque relatam a emoção e desafio de retornar à escola — Foto: Arthur Stabile/g1

Para Rita de Cássia, o trauma é grande e ela ainda não consegue pensar em retornar à sala de aula.

“Ainda não penso em voltar, ainda não penso. Preciso ainda de tratamento, preciso de um tempo em casa, absorver bem o que aconteceu, entender que foi um caso isolado, que os alunos não são assim, porque você fica com medo de tudo, medo de tudo mesmo.”

Cartaz é colocado no muro da escola para receber grupo de alunos  — Foto: Reprodução/TV Globo

Cartaz é colocado no muro da escola para receber grupo de alunos — Foto: Reprodução/TV Globo

Rodas de conversa

Segundo o governo do estado, neste primeiro dia, estão sendo realizadas rodas de conversas, oficinas de conscientização, jogos e outras atividades.

Dados do Censo Escolar indicam que a escola conta com 15 professores e aproximadamente 300 alunos matriculados do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

Salas de aula de escola alvo de ataque foram reformadas  — Foto: Flávio Florido/Secretaria da Educação do Estado SP

Salas de aula de escola alvo de ataque foram reformadas — Foto: Flávio Florido/Secretaria da Educação do Estado SP

A Secretaria da Educação diz que realizou uma revitalização no colégio com manutenção, pintura e reparos na estrutura – com recursos estimados em R$ 200 mil.

Posteriormente, a fachada da escola será pintada com grafites do artista plástico Pagu.

Corredores foram pintados após ataque  — Foto: Flávio Florido/Secretaria da Educação do Estado SP

Corredores foram pintados após ataque — Foto: Flávio Florido/Secretaria da Educação do Estado SP

O ataque

No último dia 27, a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, morreu e outras quatro pessoas ficaram feridas após serem esfaqueadas por um aluno de 13 anos.

O agressor, que estudava no oitavo ano na escola, foi desarmado por professoras e está internado em uma unidade da Fundação Casa.

A polícia investiga a participação de outros dois alunos no ataque e a Justiça concedeu a quebra de sigilo do celular, do computador e do videogame Xbox do adolescente que matou Elisabete.

Na porta da instituição, ainda é possível ver o altar montado pelos alunos em homenagem à docente. Também colocaram cruzes, flores, mensagens e um cartaz com a mensagem “livros sim, armas não!”.

A professora Beth não tinha completado nem dois meses de trabalho na Escola Estadual Thomazia Montoro quando foi esfaqueada pelas costas por um aluno na sala de aula. O assassino também estava na escola havia pouco tempo, desde o início de março.

Na escola anterior, o comportamento agressivo e as ameaças de atos violentos foram notados e preocuparam professores e pais. A direção registrou um boletim de ocorrência.

Com poucos dias na nova escola, ele brigou com os novos colegas. Uma dessas brigas, foi Beth quem separou. A diretora chamou o adolescente para uma conversa, que estava agendada para a manhã da segunda-feira, o dia do ataque.

Investigação

A Justiça concedeu a quebra de sigilo do celular, do computador e do videogame Xbox do adolescente que matou Elizabeth.

O delegado do 34º DP levou os equipamentos à sede do Decap, departamento que administra as delegacias da capital, para fazer a extração dos dados. O procedimento é feito por um equipamento israelense, com software que busca em aparelhos eletrônicos de comunicação os arquivos e informações em períodos determinados, mesmo que tenham sido apagados.

A polícia não sabe dizer quando tempo levará para fazer a extração dos dados. Para a polícia, o acesso às informações poderá comprovar ou descartar a participação de outras pessoas no plano do ataque. Os investigadores acreditam que o aluno teve incentivo ou ajuda de duas pessoas.

Silvia Palmieri, mãe de uma professora que sobreviveu a um atentado a facadas na escola Thomazia Montoro, sai da escola consolada por uma amiga — Foto: Andre Penner/AP

Silvia Palmieri, mãe de uma professora que sobreviveu a um atentado a facadas na escola Thomazia Montoro, sai da escola consolada por uma amiga — Foto: Andre Penner/AP

Psiquiatras

O adolescente acusado de matar a professora e ferir outras quatro pessoas foi avaliado por uma equipe de peritos, com três psiquiatras (sendo um deles também psicólogo) e um médico clínico geral.

O adolescente segue internado provisoriamente em uma unidade da Fundação CASA, após a justiça acatar um pedido do MP da capital. Ele pode ficar internado provisoriamente por, no máximo, 45 dias, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Após sentença, o jovem poderá cumprir medida socioeducativa de até 3 anos.

“O contexto dos autos revela envolvimento do adolescente em ato infracional equiparado a crimes punidos com reclusão, possuindo capacidade de corromper sua formação moral e/ou intelectual e de colocá-lo em risco de lesão física grave”, justificou o juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Taboão da Serra.

A Justiça também acatou o pedido de representação enviada pelo Ministério Público de Taboão da Serra, na região metropolitana. Na nova denúncia, a Promotoria analisou dois possíveis atos infracionais equiparados aos crimes de ameaça e extorsão que teriam sido cometidos pelo adolescente no início de fevereiro, quase dois meses antes do ataque ocorrido nesta semana, contra um garoto de sua antiga escola, a E.E. Prof. Roberto José Pacheco.

O estudante foi ouvido na tarde da última terça(27) pelo Ministério Público de São Paulo.

Fonte G1 Noticias

Publicidade

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *