Vice-líder de Tarcísio na Alesp, deputado do MBL protocola projeto para colocar PMs armados nas escolas em SP
Vice-líder do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa de São Paulo, a Alesp, o deputado estadual Guto Zacarias (União Brasil) apresentou um projeto de lei para que PMs de folga atuem na segurança de escolas estaduais do estado.
A proposta 447/2023 cita de forma explícita o ataque ocorrido na E.E. Thomazia Montoro. Em 27 de março, um aluno atacou a facadas e matou a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, e feriu outras quatro pessoas.
O próprio governador já admitiu a ideia de colocar policiais militares dentro dos colégios. Em 27 de março, Tarcísio admitiu ao blog da Andréia Sadi que estudava a medida e citou o uso de profissionais aposentados.
“O que eu estou pensando em fazer… Criar um programa para ter policiais nas escolas permanentemente. Vou estudar a viabilidade disso, a partir da contratação de prestadores de tarefa por tempo certo, policiais da reserva [aposentados] que poderiam ser contratados para isso”, disse Tarcísio.
À época, o governador não definiu se seriam policiais militares, civis ou ambos para atuar nas escolas públicas de São Paulo.
O que diz a proposta
O texto do deputado Guto Zacarias, que integra o MBL (Movimento Brasil Livre), prevê que policiais militares de folga recebam para atuar na segurança armada das escolas. Para tal, o agente público que se interessar deve se inscrever em uma lista a ser criada pela Secretaria da Segurança Pública.
Já os policiais aposentados teriam que estar “fisicamente aptos” para exercer a função de segurança armada dos colégios. O projeto não determina se eles passarão por uma avaliação física com critérios de aptidão física.
O pagamento dos policiais ficaria a cargo da Secretaria da Educação e determina que “em nenhuma hipótese os policiais militares serão usados para lidar com questões meramente disciplinares”.
Elisabete Tenreiro, 71. Professora morreu em ataque n E.E. Thomazia Montoro, na Vila Sônia. — Foto: Arquivo Pessoal
O deputado defende que a proposta oferece uma “opção de segurança armada aos alunos, professores e demais funcionários” das escolas e que a presença de PMs aumentará “a sensação de segurança dos envolvidos”.
Em documento enviado à Assembleia para sustentar a ideia, Zacarias afirma que há o aumento do tráfico de drogas próximo às escolas e que “criminosos se aproveitam da inocência de crianças e adolescentes para vender narcóticos ou atrair esses jovens para a vida do tráfico”.
Como o g1 mostrou, o número de pessoas mortas pela polícia aumentou neste primeiro bimestre, principalmente a de agentes de folga.
Estudantes e professores temem presença de PM
Em grupos criados no WhatsApp, estudantes tentam se proteger de possíveis ataques e consideram ruim a proposta de colocar PMs nos colégios. O g1 teve acesso ao conteúdo trocado por um desses grupos e os alunos relatam que estão apavorados com a possibilidade da presença da PM. Estudantes relembraram casos de policiais entrando em escolas e agredindo estudantes. “Aquela violência que a gente sabe que acontece”.
O professor André Sapanos, integrante da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e especialista em Direitos Humanos pela UFABC, afirma que a proposta é imediatista e que surge em momento de calamidade pública com a falta de segurança nas escolas, mas sem ser solução efetiva.
“As pessoas estão doentes mentalmente, elas precisam de saúde mental e aparelhos públicos para conseguir viver em sociedade. Transmitir e fazer as coisas em diálogo”, diz.
Segundo ele, ter policiais armados dentro da escola causará a sensação de intimidação em todos os estudantes, não só os potenciais agressores. “A gente sabe que muitos policiais ainda não estão preparados para estar dentro das escolas. Vemos casos de abuso policial constantemente na sociedade. Agora, imagina isso dentro das escolas”, afirma.
Ao afirmar que a presença de agentes de segurança não vai resolver a questão nem inibir potenciais ataques, diz que pode causar mais problemas à sociedade.
“Colocar PMs de folga, quer dizer que você vai aumentar a carga de trabalho desses policiais, que vão ficar cansados para fazer a rotina habitual de trabalho”, afirma. “Vai afetar tanto a questão de segurança pública quanto o setor educacional”.
Fonte G1 Noticias