HIV: 5º paciente é curado após transplante de medula óssea
Pela quinta vez na história, um paciente conseguiu “vencer” o HIV – sigla em inglês para o Vírus da Imunodeficiência Humana. No entanto, é apenas o terceiro caso em que uma pessoa consegue a remissão para a doença por intermédio de um transplante de medula óssea.
Como aconteceu anteriormente com os pacientes “Berlim” (em 2008) e “Londres” (em 2020), o transplante conseguiu eliminar completamente a infecção em um cidadão de Dusseldorf, na Alemanha, que está sem tratamento antirretroviral há quatro anos e sem traço do vírus em seu corpo. É um novo caso de cura, segundo cientistas do Hospital Universitário de Dusseldorf.
Como nos casos anteriores, a chave da cura está nas células que ele recebeu no transplante. O doador da medula óssea possui células com uma mutação chamada CCR5 delta 32, que representa uma espécie de bloqueio contra as infecções causadas pelo vírus.
O paciente, que era portador de HIV desde 2008, precisou passar por um transplante de medula óssea em 2013 para tratar a leucemia mieloide aguda de que sofria desde 2011. Mas só cinco anos depois de receber o tratamento é que o doente estabilizou e os médicos que acompanhavam o caso decidiram suspender o tratamento antirretroviral.
Em 2022, quando a interrupção da medicação completou quatro anos, os exames mostraram que já não há vírus no sangue ou nos tecidos do paciente, sendo que também não houve qualquer tipo de reaparecimento da infecção durante esse período.
Em um artigo publicado na semana passada na Nature Medicine, que os pesquisadores ressaltaram que, apesar do sucesso do tratamento, a luta contra o HIV ainda está longe de terminar. Isso porque o transplante de medula óssia não é recomendado para todos os infectados, uma vez que o método apresenta alguns riscos, depende de doadores compatíveis e tem um alto grau de complexidade. Por essa razão, só é recomendado para pacientes portadores de leucemia
“Embora o transplante usando doadores com uma mutação CCR5Δ3232/Δ32 não seja um procedimento de baixo risco nem facilmente escalonável, sua relevância para estratégias de cura é destacada por relatos recentes de remissão bem-sucedida do HIV-1 a longo prazo (…) A expansão dessa abordagem para introduzir a mutação CCR5Δ32 em enxertos de células-tronco de tipo selvagem usando terapia gênica em combinação com novas estratégias de redução de reservatório pode manter a promessa de uma cura para o HIV-1 fora das malignidades hematológicas (como a leucemia) com risco de vida”, diz o artigo.