Saúde

Dentista é indiciado após paciente perder parte do nariz

O dentista Igor Leonardo Soares Nascimento foi indiciado por lesão corporal e exercício ilegal da medicina após uma paciente perder parte do nariz. O indiciamento consta da conclusão das investigações da Polícia Civil de São Paulo, abertas uma jovem fazer com ele um procedimento estético, em Aparecida de Goiânia (GO).

A alectomia, cirurgia usada para afinar o nariz, não pode ser realizada por dentistas. Em nota, a Polícia Civil de Goiás afirma que “mesmo não possuindo o conhecimento técnico necessário”, o investigado praticou “lesão corporal gravíssima em paciente durante a realização de procedimento cirúrgico incisivo”.

Na sexta-feira (20), Igor Leonardo foi indiciado. Ele afirma que a necrose no nariz da paciente não foi decorrente da cirurgia, e sim de uma síndrome desenvolvida após uso de medicamentos.

Dentista fez alectomia mesmo sem ter licença; após intervenção no nariz, paciente perdeu parte da membrana nasal. (Foto: Reprodução/Instagram)
Dentista fez alectomia mesmo sem ter licença; após intervenção no nariz, paciente perdeu parte da membrana nasal. (Foto: Reprodução/Instagram)

O que diz a vítima

A esteticista Elielma Carvalho Braga fez a alectomia em junho de 2020, após ver na internet anúncios do dentista sobre o procedimento. Em um primeiro momento, a cirurgia parecia ter corrido bem, mas nos dias seguintes, ela começou a sentir fortes dores.

“Meu rosto começou a queimar. No outro dia ficou cheio de bolha, como se fosse queimadura”, contou ao g1.

Elielma teve uma necrose no lado direito do nariz e teve que fazer mais de dez cirurgias depois que perdeu parte da pele. O problema resultou em uma série de cicatrizes.

“Eu tenho vergonha, porque a gente faz uma coisa para melhorar um pouco e a pessoa faz isso. Ele destruiu minha autoestima. Eu choro, não é fácil o que eu vivo hoje”, afirmou. Ela tornou o caso público em julho de 2022.

O que apontam as investigações

  • Apuração mostra que o dentista, mesmo não tendo a formação necessária, fez a cirurgia;
  • Procedimentos eram feitos de maneira habitual;
  • Em 2021, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele pelo mesmo crime;
  • Por conta disso, ele foi indiciado por exercício ilegal da profissão – já que só médicos podem realizar a alectomia;
  • Ele foi indiciado por lesão corporal devido à lesão gravíssima sofrida pela paciente;
  • Inquérito contou com documentos dos conselhos, tanto regionais quanto federais, de Odontologia e Medicina;
  • Contou também com exames das lesões da vítima.

Nota do dentista

“Sou cirurgião dentista há 19 anos. Especialista em implantes dentários, ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares, estética bucal, e harmonização facial avançada.

O problema do caso da Elielma foi uma reação que aconteceu após o procedimento que se chama Síndrome de Nicolau, que é um raro agravamento de vasos sanguíneos após o uso de medicamentos injetáveis. Algo muito raro de acontecer e foi devido ao preenchimento realizado no nariz dela e não pela cirurgia como estão falando.

O fato dela ter demorado muito a buscar minha ajuda após o procedimento agravou muito a situação. Quando ela voltou até mim, que foi 3 dias depois, já estava ruim a situação. E, infelizmente, fiquei de mãos atadas e por isso ela sofreu sequelas tão graves.

Sobre a indenização, o que a Justiça determinar eu o farei. Me sensibilizei muitíssimo com o caso da Elielma e jamais desejei algo de ruim, sempre fiz e farei o melhor pelos meus pacientes.

Não foi a cirurgia que gerou o problema da paciente Elielma.

A Síndrome de Nicolau, também conhecida como Embolia Cutis Medicamentosa e Dermatite Livedóide, é uma rara complicação caracterizada por necrose tecidual que ocorre após a injeção de medicamentos que foi o caso dela.

Inclusive a referida paciente teve meu total suporte e apoio nos tratamentos que realizou após este episódio. Me sensibilizei bastante com o problema dela.

Custeei os medicamentos e tratamentos posteriores com outros colegas. Nunca a deixei desamparada em termos financeiros e acompanhei de perto seu tratamento posterior ao ocorrido.

Infelizmente nós profissionais da área estamos sujeitos a intercorrências que não são da nossa vontade.

Sigo à disposição dela sempre que for preciso. E qualquer que seja a decisão judicial eu mesmo farei o possível para colaborar com ela”.

Fonte Yahoo Noticias

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