Tecnologia e inovação transformam realidade de escola municipal
A tecnologia está cada vez mais inserida na realidade do jovem. Estudos do Comitê Científico “Núcleo Ciência pela Infância”, formado por diversas fundações, faculdades e universidades como Harvard, mostram que qualquer aprendizado é mais efetivo na infância e adolescência, em fase de desenvolvimento e adaptação. Pensando nesses fatores é que a Prefeitura de Manaus tem trabalhado em um projeto-piloto, proporcionando o estudo na área da robótica, programação, informática, robótica industrial, entre outras áreas da tecnologia para estudantes de escolas municipais localizadas em áreas afastadas da região central.
O Centro de Tecnologias Educacionais (CTEs), na escola municipal Antonia Medeiros, no bairro Tarumã, zona Oeste de Manaus, foi o local disponibilizado pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) para realização das aulas do projeto-piloto da Nobre Academia. O curso é dividido em três módulos, de programação e robótica para crianças e adolescentes, de forma gratuita, por meio de Parceria Público-Privada (PPP).
O estudante Flávio da Silva contou que ele e seu irmão participam do projeto na escola, e ressaltou que sua mãe ficou muito feliz quando foi avisada do projeto, afinal é a realização de um sonho para ele, que já está aprendendo sobre a área de atuação que deseja trabalhar.
“Cada vez que a gente aprende alguma coisa nova, a gente consegue entender um pouco melhor, agora estamos aprendendo sobre o scratch, um programa novo que a gente consegue fazer animação, jogos e várias outras coisas. Quando eu chego em casa, eu e meu irmão, a gente treina no computador de casa, e como eu quero ser designer gráfico quando crescer, robótica tem um pouco a ver, já vai me ajudar no futuro”, explicou Flávio.
Com o início do segundo módulo desse projeto, a estudante Quésia Oliveira comentou que já aprendeu muito, e gosta tanto que não vê como uma aula, mas sim diversão, e ainda aproveita para competir com os colegas as tarefas da disciplina, e inclusive perguntar e testar aquilo que pesquisa em casa e quer aplicar na sala de aula.
“Eu vou pensando uma área com a qual eu quero trabalhar no futuro conforme eu for aprendendo mais, mas ainda não sei o que eu vou fazer, mas a robótica não é uma área difícil, principalmente com os professores que nós temos aqui, que deixam tudo mais fácil, e eu até utilizo os aprendizados em casa, porque é uma coisa legal de aprender, eu e meus amigos até estávamos fazendo um joguinho ali”, enfatizou Quésia.
O professor Cristiano Alves explicou a matriz de estudo que esse curso apresenta. “No primeiro módulo, nós levamos as duas plataformas, de micro bit e arduino, no segundo módulo nós temos o scratch, que é uma linguagem de programação, que vai além da robótica, implementando a animação e criação de jogos, e no terceiro módulo, já é o intermediário, onde vamos unir tudo isso e criar um projeto”.
Cristiano Alves também detalhou o método de ensino, que tem como resultado a melhoria do raciocínio lógico e criatividade dos alunos. “O primeiro contato das crianças com a tecnologia já é de grande importância, afinal nós estamos preparando elas para serem não só consumidores da tecnologia, mas para serem criadores da tecnologia. Nas primeiras aulas eu questionei a elas como acontece por trás do Facebook quando clicamos em uma imagem, o porquê dela crescer, então todas essas questões já criam uma cultura de entendimento da tecnologia”.
Participação indígena
Dos 22 alunos participantes, 15 são da própria escola, e os outros sete estudam na Escola Municipal São Sebastião II, localizada na comunidade São Sebastião Tarumazinho, na zona ribeirinha de Manaus, onde as crianças são de descendência indígena, da etnia baré. Os alunos selecionados saem da escola, vão até a marina do Davi de barco, disponibilizado pelo diretor local, e são buscados pelos responsáveis da Nobre, em seguida levados até a escola onde o projeto acontece, no contraturno de suas aulas habituais.
A diretora em exercício da escola Antonia Medeiros, Dilza Cibele Sampaio, ressaltou a importância que enxerga nos alunos estarem realizando o curso, e a mudança que foi percebida pelos pais e professores desses estudantes.
“Desde que começou o curso nós percebemos que as notas dos alunos melhoraram muito, tínhamos também alunos mais introvertidos, mas em dois meses esses alunos estão mais envolvidos socialmente com os colegas, sem contar o dia a dia na sala de aula, que isso estimula o raciocínio lógico e a criatividade, que é muito importante”, comentou a diretora.
O objetivo ao final do curso é que os alunos tenham a possibilidade de virar professores e ensinar novas turmas, gerando emprego e renda para eles, além de conhecimento para a comunidade onde eles realizarão suas aulas, ou também que possam atuar diretamente no mercado de trabalho atendendo uma demanda recorrente da indústria.
Dilza Sampaio ainda destacou que considera importante o projeto ser realizado na Escola Municipal Antonia Medeiros, onde a maioria dos alunos vive em vulnerabilidade social.
“É um curso muito importante, principalmente em razão do local onde está inserido, afinal as crianças aqui têm poucas oportunidades, e isso estimula nosso aluno a pensar nas profissões do futuro, todas elas voltadas à tecnologia, e também porque esses alunos estão aqui estudando em um horário que estariam livres, e poderiam estar nas ruas”, afirmou.
Prefeitura abre portas
A Nobre Academia é uma Edtech amazonense, que nasceu durante a 1ª turma do curso Formação de Startups, realizado pela Secretaria Municipal de Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), no Casarão da Inovação Cassina, no Centro Histórico de Manaus. A última turma desse curso aconteceu nos dias 5, 6 e 7 de agosto, e a previsão é de que uma próxima turma seja aberta em breve.
O fundador da Nobre Academia, Éder Nobre, destacou o funcionamento da startup, que hoje é um projeto em fase inicial, e que em breve será desenvolvido em outras unidades de ensino.
“A Nobre Academia de Robótica oportuniza aos alunos da rede pública de ensino esse primeiro contato com o mundo da tecnologia. Nós focamos na comunidade da periferia, a ribeirinha e a indígena, onde a gente vai até as escolas, utilizando a estrutura dos laboratórios de informática, levando nossos professores, os kits de robótica e de metaverso. Damos imersão ao metaverso, pilotagem de drone e programação em PHP. Isso tudo nos dias de sábado, e também os alunos que estudam no contraturno”, explicou o fundador.
A Prefeitura de Manaus pretende implantar mais CTEs em 225 escolas da Semed, com objetivo de alcançar a Educação 4.0 e transformar a realidade educacional da capital amazonense em referência. Os espaços possuem computadores, kits legos e arduinos, que contribuem para a educação digital dos mais de 250 mil alunos da rede.
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Texto – Maryane Maia / Semcom
Fotos – Antonio Pereira / Semcom