Saiba quem é a falsa vidente acusada de golpe milionário com obras de arte contra idosa no Rio
As investigações da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) sobre um golpe de mais de R$ 724 milhões, em pagamentos e obras de artes, contra uma idosa, de 82 anos, identificaram que a responsável por abordar a vítima oferecendo serviços espirituais para evitar que sua filha morresse é Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic. A moça, de 37 anos, que já é considerada foragida, já havia sido presa justamente por atuar como falsa vidente nas ruas de bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon, na Zona Sul do Rio, e responde por diversos crimes, entre eles, estelionato, extorsão, ameaça, falsidade ideológica, lesão corporal, injúria por preconceito e até maus-tratos, cárcere privado e estupro.
De acordo com o inquérito da Deapti, em janeiro de 2020, após sair de uma agência bancária em Copacabana, a idosa foi abordada por Diana, que, apresentando-se como vidente, disse que sua filha estava doente e morreria em breve. Ela conseguiu convencê-la então e ir até seu apartamento, na Rua Barata Ribeiro, onde teria jogado búzios e confirmado o “evento trágico”. De lá, as duas partiram para o imóvel de outra vidente, no Leme, para a realização de trabalhos espirituais e a cura da filha.
Nessa residência, foi perguntado a idosa onde a filha morava e se possuía objetos de valor, o que acarretou a desconfiança da idosa, que não respondeu às indagações. Diana então disse que seria melhor que ela procurasse outra pessoa, de confiança, para salvar a vida da filha. Elas seguiram então para a casa de Rosa Stanesco Nicolau, conhecida como Mãe Valéria de Oxossi, na Rua Maria Quitéria, em Ipanema. Após jogar búzios e colocar cartas, a mulher novamente confirmou que a filha estaria com “espírito ruim” que a levaria a morte e pediu o pagamento pelo serviço.
Ao questionar as videntes sobre os valores, a idosa recebeu como resposta que ela poderia pagar o que lhe fora cobrado. A vítima contou sobre o acontecido a filha e essa lhe orientou que providenciasse imediatamente o pagamento a fim de lhe curar sobre o mal que a atingia. Acreditando nas previsões, sobretudo diante dos problemas psicológicos como depressão e síndrome do pânico que a filha sofria, concordou em efetuar transferências de mais de R$ 5 milhões. Segundo as investigações, além de Diana e da filha, pelos menos mais cinco pessoas participaram do golpe aplicado contra a mulher.
Como O GLOBO mostrou em abril, Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, de 37 anos, foi presa em flagrante, na Rua Joana Angélica, em Ipanema, por policiais da 13ª DP (Ipanema). Indiciada por extorquir uma dona de casa, de 24 anos, ela a teria atraído, após uma breve conversa, com a promessa de uma consulta gratuita em seu escritório, em um edifício na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no bairro vizinho. Durante o atendimento, porém, foram cobrados R$ 4.300 com o pretexto da realização de uma “cirurgia espiritual” para desfazer o “ritual macabro” que teria sido praticado contra ela.
Na delegacia, a vítima contou ter sido exigido que fosse realizado um “trabalho” para quebrar a “maldição”, sendo necessária a compra de ovos brancos, panos e velas, o que foi feito em um supermercado próximo. De volta à sala de Diana, a mulher teve que passar por um suposto rito em que a criminosa teria identificado um “demônio” em seu corpo e, por isso, cobrou que fossem feitas transferências bancárias.
No dia seguinte ao encontro, Diana novamente voltou a insistir pelo pagamento, dizendo que a vítima seria hospitalizada em seis meses caso não o fizesse e recomendando que não comesse carne vermelha e pimenta e nem ingerisse bebida alcoólica. Em um vídeo enviado por rede social, ela mostrava uma menina vomitando sangue por estar com “carga espiritual” e ameaçava a mulher que o mesmo iria acontecer a ela.
— Os inquéritos mostram que esses criminosos, com promessas de reatar relacionamentos, oferecer promoções em empregos e até desfazer maldições espirituais, exigem dinheiro e chegam a ameaçar as vítimas. Realmente impressiona a frieza como as ludibriam para alcançar vantagens econômicas, demonstrando ganância e explorando crenças religiosas — disse o delegado Felipe Santoro, titular da 13ª DP, à época — Nossa orientação é no sentido de que todos fiquem atentos a essas abordagens e evitem se deslocar para endereços de desconhecidos, procurando referências seguras e não se deixando levar por postagens em redes sociais.